quarta-feira, 15 de outubro de 2008

DEIXEM- ME A PAZ!


DEIXEM-ME A PAZ!
Deixem-me a paz!Que eu saberei o que fazerPor esses caminhos que avançoPor esses lugares que alcançoPor esse horizonte onde descansoDeixando-me amanhecer.
Eu sou aqueleQue não parteDesta parteQue me parteA alma em mil pedaçosEsquartejada por abraçosDe intuitos devassosPor todos os espaços.
Ordeno uma vez por todasMesmo sabendo que não há ordemEm meus pensamentos e em meus passosMesmo reconhecendo a rectilínea desordemDos meus vorazes sentimentos sem cansaçosDeixem-me a paz!
Pudesse fulminar o desacerto angular da raivaO insolente desacato imposto pelos anjos do caosQue entoam as hossanas do ódio e da maldadePudesse eu ceifar a erva rasteira dessa conjuraQue brota nas margens de um pântano disfarçado.
Pudesse ser um mero esquecido pela existência humanaUm louco inimputável que ninguém condena por piedadeUm marginalizado sem queixa alguma de abandono socialUm sem abrigo eternamente agradecido pela sua condição.
Se eu pudesse… ai se eu pudesse…Mas eu não posso calar meu gritoQuando me sonegam a herançaMilenar da paz de CristoQuando me ocultam a imagemPlácida de um amor crucificadoQuando se mancha de sangueA toalha do advento sobre o altar.
Deixem-me a paz!e eu dar-vos-ei a paz do meu silêncio.

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