quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Tempo...


O tempo
Onde o silêncio nos acolhe
E a noite nos abraça;
O tempo
Onde uma lágrima nos recolhe
E o grito da alma nos trespassa;
O tempo
Onde a distância se esquece
Num olhar estendido mais além;
O tempo
Onde tudo igual permanece
Tudo o quanto fica aquém;
O tempo
Da ilusão e da verdade
O tempo
Da dispersão e da saudade.

Amar é...


Amar é... A doação espontânea do eu, Que se expande ao ser doado, Fazendo-nos mais fortes e melhores. Amar é... Confiar plenamente no ser, Não querer possuir, apenas conter, Apenas admirar o ser amado. Amar é... Nada esperar, tudo querer, Colorir sonhos desbotados, Em vez de relembrar, simplesmente viver. Amar é... Estender as mãos sempre, Caminhar lado a lado quando solicitado, Renunciar a tudo se preciso for. Amar é... Ter o que eu tenho... Sentir o que eu sinto... Conhecer-te como te conheço!

DEIXEM- ME A PAZ!


DEIXEM-ME A PAZ!
Deixem-me a paz!Que eu saberei o que fazerPor esses caminhos que avançoPor esses lugares que alcançoPor esse horizonte onde descansoDeixando-me amanhecer.
Eu sou aqueleQue não parteDesta parteQue me parteA alma em mil pedaçosEsquartejada por abraçosDe intuitos devassosPor todos os espaços.
Ordeno uma vez por todasMesmo sabendo que não há ordemEm meus pensamentos e em meus passosMesmo reconhecendo a rectilínea desordemDos meus vorazes sentimentos sem cansaçosDeixem-me a paz!
Pudesse fulminar o desacerto angular da raivaO insolente desacato imposto pelos anjos do caosQue entoam as hossanas do ódio e da maldadePudesse eu ceifar a erva rasteira dessa conjuraQue brota nas margens de um pântano disfarçado.
Pudesse ser um mero esquecido pela existência humanaUm louco inimputável que ninguém condena por piedadeUm marginalizado sem queixa alguma de abandono socialUm sem abrigo eternamente agradecido pela sua condição.
Se eu pudesse… ai se eu pudesse…Mas eu não posso calar meu gritoQuando me sonegam a herançaMilenar da paz de CristoQuando me ocultam a imagemPlácida de um amor crucificadoQuando se mancha de sangueA toalha do advento sobre o altar.
Deixem-me a paz!e eu dar-vos-ei a paz do meu silêncio.